Um
cão sem coleira passava pela calçada estreita da ponte e sua sombra projetada
pela luz dum alto poste, o seguia obstinadamente em direção ao bairro São João.
Do
outro lado da ponte, na calçada oposta, um homem esguio fumando um cigarro
observava o cão e seguia em direção a cidade.
A
cidade! De que lado fica a cidade?
A cidade na direção do cão. A cidade na
direção do homem.
O
rio por baixo, se arrastava cinza e operoso alheio a tudo que se passava ali,
naquele ponto. O ponto onde o homem agora já passara e parara de fumar e o
cachorro sem coleira, pertinente, sumia de vista, engolido pela paisagem
predominada pelo vai e vem de automóveis sobre o leito carroçável.
O
dia começou. E de fato, aquele fato comentado agora mesmo, quando saltou a sola
do sapato... Olhei o rio e fiquei
admirado. O rio e aquela espuma se debatendo na corrente, um galho solto
escorrendo tão rápido sobre a superfície lisa e viscosa do rio.
Sobre
a margem, um casarão sombrio se guardava como que observando a passagem do rio,
que sempre passa, e deixa a impressão que não passou. O casarão coberto por sombras disputando o
sol. O casarão, onde habitaram sonhos e pesadelos. Onde habitaram amores e
desamores, alegrias e horrores.
O
casarão na beira do rio, o rio calado engolindo tudo.
Um
cão sem coleira passava pela calçada estreita da ponte se sua sombra projetada
pela luz de um alto poste, o seguia obstinadamente em direção ao bairro do São
João.
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