segunda-feira, 19 de abril de 2021

SAIDEIRA

 


O resto da cerveja contida na garrafa entornada, mal preenchera na altura da base do copo. O cidadão olhou firme nos olhos do parceiro que o acompanhava na bebedeira de 3ª feira, no balcão do bar, e proferiu:

            - Saideira?

            Sorriam enquanto o garçom dispunha a garrafa sobre o balcão, retirando com seu abridor amarrado a cintura, sua tampa metálica num zunindo espetacular:

 – Splot!

            Sorveram, beberam, falaram, a musica rondava o luar, o luar entrava no bar, o bar bárbaro dentro da noite civilizada, do ócio operante ante a sociedade, o luar.

Sorviam, bebiam, falavam, o mundo rodava, e a China acoplava, o Mundo açodava, o prefeito mandava, a cidade parada, o tudo e o nada, o passado aclamava, a musica tocava, sorviam, bebiam, falavam.

            O resto da cerveja contida na garrafa entornada, mal preenchera na altura da base do copo. O cidadão olhou firme nos olhos do parceiro que o acompanhava na bebedeira de 3ª feira, no balcão do bar, e proferiu:

            - Saideira?

            Sorriam enquanto o garçom dispunha a garrafa sobre o balcão, retirando com seu abridor amarrado a cintura, sua tampa metálica num zunindo espetacular:

 – Splot!

            Sorviam, bebiam e falavam. Na esquina do universo em verso, num canto do mundo omisso, no orifício do vácuo, no ante eterno espaço, conjugados, acomunados com os bares distantes, os estares delirantes, ante o ocaso do vício, do prazer existêncial, do elixir sensorial, das entranhas da superficialidade, sorviam, bebiam e falavam, o pacto singelo da amizade, o pacto singelo da obrigatoriedade, o pacto singelo da sinceridade.

            O resto da cerveja contida na garrafa entornada, mal preenchera na altura da base do copo. O cidadão olhou firme nos olhos do parceiro que o acompanhava na bebedeira de 3ª feira, no balcão do bar, e proferiu:

            - Saideira?

 

 

 

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