Tive aquela sensação maravilhosa.
Sensorial e abstrata, difícil de explicar. Foi um sonho! Sonho bom posso dizer,
sonho bem sonhado dentro do sono bem dormido na cama que mal caibo esticado. Dormi
encolhido, recolhido em mim, e sonhei.
Sonhei que finalmente as formigas
azuis, amarelas, roxas, violetas, rosas, opacas, acinzentadas e transparentes
se uniram, numa hora de grande aperto, e conseguiram derrotar o Formigão, que
no passado, apoiado pelas formigas opacas, foi eleito chefe do formigueiro, e
ao tomar posse passou a tentar devorar todas as formigas locais.
Não foi preciso acordo, discurso ou
passeata, foi o monstro dar as caras dizendo ao que veio que as formigas
restantes, sentindo-se ameaçadas, se juntaram uma encima da outra, formando uma
torre de formigas que de tal forma fez o formigão ficar minúsculo diante dela.
A torre de formigas pendeu e pendeu, desabando sobre o Formigão o esmagando.
As formigas festejaram. E não teve
herói da Pátria, não teve mártir.
Foi um sonho futurista, onde parecia extremamente
fácil e descomplicado que a diversidade de formigas se tornasse um corpo só, capaz de derrotar o Formigão.
Depois? Depois, ninguém ficou feliz para sempre, mas,
foi um sonho bom.
Isto
foi.